Falando nisso...


O Salar de Uyuni é famoso por ser considerado a maior planície salgada do mundo – são aproximadamente 12.000 km2 . “É tão grande, que com o reflexo do céu, fica difícil delimitar a linha do horizonte”, segundo conta a jornalista Alice Watson, em seu “O guia do mochileiro – um roteiro pela Bolívia e Peru –“. Fica localizado no sudoeste da Bolívia, no altiplano andino, a mais de 3.600m de altitude e ocupa territórios dos Departamentos de Potosí e Oruros.
Maior que o conhecido lago Titicaca, o Salar surgiu a milhares de anos. Um lago pré-histórico gigante chamado lago Michin secou, deixando, em seu lugar, os atuais lagos Poopó e Uru Uru e dois grandes desertos: o Coipasa, menor, e o maior, Uyuni.
Sobre o Salar de Uyuni, nos diz a Wikipedia:
- É composto por uma mistura de salmoura e barro lacustre;
- Estima-se que ele contenha 10 bilhões de toneladas de sal das quais menos de 25.000 são extraídas anualmente;
- É formado por aproximadamente 11 camadas com espessuras que variam entre 2 e 10 metros e a profundidade total é estimada em 120 metros;
- É uma das maiores reservas de lítio do mundo, além de conter grandes quantidades de potássio, boro e magnésio;
- A origem do sal provavelmente está relacionada com a imensa quantidade de vulcões no entorno do Salar, já que ele fica localizado em uma região de altiplano. A concentração do sal também se deve a aridez do local.
Ilha do Pescado, Uyuni
Os moradores da região têm como principal atividade a extração de sal e a exploração turística do deserto. As principais atrações, além da bela paisagem do próprio salar são o hotel de sal – desativado – e a Ilha do Pescado, com seus recifes e cactos de até dez metros de altura. Além disso, o visitante pode conhecer as lagoas de águas termais com gêiseres que exalam vapor na mesma temperatura da água, além de avistar lhamas e flamingos.
O tour completo começa em Uyuni e dura quatro dias, com direito a acampamento no meio do deserto.  Quem não estiver tão disposto assim a esse tipo de aventura, pode fazer o tour de um dia só. Nos dois casos, para chegar ao Salar, somente de carro 4x4.
Para saber mais, visite o site oficial do Salar:  http://uyuniland.com/
Os dados foram extraídos da página da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Salar_de_Uyuni

Blog realiza concurso fotográfico no Facebook


"Viagem e fotografia nasceram uma para a outra"
O blog de viagens www.rodandopelomundo.com teve a belíssima iniciativa de lançar no início de fevereiro um concurso de fotografias muito bacana via Facebook.
O tema escolhido foi férias. Cada um dos 167 participantes enviou uma foto tirada durante suas viagens que foram disponibilizadas na página do fb do blog. O vencedor seria aquele que conquistasse o maior número de votos. Para votar era só clicar em “curtir”na foto escolhida. As fotos foram clicadas em 40 países diferentes. O resultado saiu no final de fevereiro e foram distribuídos prêmios para as três mais votadas, para mais uma na categoria honra ao mérito além de um sorteio que rolou entre os participantes.
Mais bacana ainda foi o fato de a fotografia vencedora ter sido tirada pelo querido amigo Marcelo Calegare que recebeu 183 votos (inclusive o meu!)
“Coloquei logo uma foto de um dos lugares mais surreais deste planeta. O Salar de Uyuni, no Sul da Bolívia, fazendo fronteira com o Chile (Deserto do Atacama) e Argentina (Quebrada de Humauaca). Para mim, essa região é o coração da América do Sul, como se fosse o chákra central da coluna vertebral (cordilheira dos Andes) deste continente”, conta Marcelo em seu blog www.marceloasviagens.blogspot.com
Salar de Uyuni - Marcelo "andando nas nuvens"
“Durante os meses de Janeiro e Fevereiro, chove nessa região do altiplano andino e o salar fica inundado com uma fina camada de água. Forma-se, então, um espelho gigantesco. A impressão é que se romperam os limites do céu e da terra”, explica ele.
Marcelo Calegare, que é psicólogo e mochileiro inveterado (já visitou 37 países até agora) realizou essa viagem em 2007. Esse foi seu primeiro mochilão sozinho e com certeza foi uma experiência incrível. Ele saiu de São Paulo na metade de dezembro de 2006, passou por Chile, Bolívia, Peru e Colômbia e voltou ao Brasil pela Amazônia.
O segundo lugar ficou para Juliane Borsa, com uma foto tirada em Pisa, na Itália, em janeiro desse ano e a terceira colocação foi para Ideval Alves com uma foto tirada na Noruega em agosto de 2010.
Na verdade, fiquei um tiquinho decepcionada por não ter nenhuma foto do Brasil, entre as vencedoras. Para minha alegria, uma foto belíssima tirada na Cerra do Cipó, em 2009, por Mateus Lourenço de Paula conquistou o prêmio de honra ao mérito. Agora sim!
O sucesso do concurso foi tão grande que novas edições já estão sendo planejadas pelo autor do blog, Michel Zylberberg.
Mais uma vez parabéns ao Marcelo e aos outros ganhadores, ao Michel pela iniciativa e especialmente aos outros participantes pela fantástica viagem que nos proporcionaram através de seus olhares.


Família Arco-Íris



No começo desse ano, fiz uma viagem de barco de Santarém, no Pará até Manaus, No Amazonas, onde conheci uma menina muito legal dos Estados Unidos chamada Sarah. Como a viagem durou três dias inteiros e estávamos num mini-barco de dois andares, sem muito o que fazer, conversamos bastante. Foi ela que me falou sobre o “Rainbow Family”, um grande festival que reúne pessoas de culturas alternativas do mundo todo, em diversos lugares do globo.
Curiosa que sou, cheguei em casa e fui direto pro Google. Descobri o seguinte:
O Rainbow Gathering como é conhecido, existe há 39 anos e tem como objetivo reunir pessoas de diferentes culturas e pensamentos interessadas em uma nova vivência, completamente a parte da sociedade capitalista tradicional, “fora da Babilônia”, como definem os participantes.
Os encontros chegam a reunir cerca de 30.000 pessoas e predominam em sua filosofia, conceitos de paz, amor, harmonia e liberdade.
Li uma matéria da revista Trip que os definiam como os maiores encontros hippies do globo. Como não sou muito chegada à rótulos, discordo. Até porque, afinal , o que é ser hippie, hoje em dia? – A resposta para essa pergunta será encontrada em outro post, em breve -.
Mais do que um encontro hippie, prefiro defini-lo como uma reunião de pessoas com formas de pensar e agir alternativas, que incluem entre outras coisas, mochileiros do mundo inteiro e até crianças e cachorros.
São realizados em grandes campos abertos e pitorescos que podem variar da Nova Zelândia à Pensilvânia.

O Rainbow não é apenas um encontro. Existe uma cultura Rainbow que é aplicada durante o evento que dura 4 luas, aproximadamente um mês. 

Durante esse período, os participantes são convidados a deixar de lado certos hábitos da vida moderna, como por exemplo, a individualidade. Tudo é feito em grupo, inclusive a comida. São construídas cozinhas comunitárias, onde o principal tipo de alimento é o vegetariano. Embora, em alguns encontros, existam campos de carne. Outra característica é a quase ausência do dinheiro, como moeda de valor. Tudo funciona na base da troca, em grandes rodas onde você pode negociar com os outros “irmãos”, coisas das quais necessite. O único momento em que se vê dinheiro, é quando se passa o Chapéu Mágico, onde você pode, se quiser, depositar qualquer quantia que lhe convenha. Se não tiver nada, um beijo o um sorriso para o chapéu também valem. Outra forma de colaborar, é cozinhando ou construindo as estruturas do  festival como fogões de barro e banheiros secos.
Outras curiosidades: O Rainbow é uma espécie de anarquia organizada. Não há líderes definidos. E como um encontro de milhares de pessoas pode funcionar sem liderança? Você pode se perguntar.
Bem, existem reuniões, grandes círculos de fala, onde as pessoas discutem o que será feito e para dar sua opinião, você recebe o bastão da fala e depois o passa adiante. E há focalizadores, pessoas responsáveis por organizar as reuniões, mas que raramente intervêm no que está sendo discutido.
 Teoricamente, não é permitido álcool, drogas e cigarros industrializados durante os encontros, embora em alguns, existam A- Camps, ou seja, campos em que o uso de álcool é permitido.
Para se ter a permissão de realizar um evento como esse em lugares abertos, o uso de drogas é proibido, mas mesmo assim, a maconha é largamente utilizada e no último encontro na Nova Zelândia, muitas pessoas foram vistas usando LSD na virada do ano. De qualquer forma, o evento é absolutamente democrático e tudo o que é feito lá, parte de uma escolha absolutamente pessoal.
Pessoas mais velhas não são muito comuns, isto porque, a idéia é que você passe pelo festival, aprenda e depois de um tempo saia para por em prática os ensinamentos, seja fundando ou indo morar em comunidades alternativas, seja aplicando isso na sua rotina. É claro, que há os que passam a vida inteira indo de um Rainbow a outro sem nunca parar. Mas eles não são a maioria.
A higiene é outro ponto polêmico, pois muitos participante evitam banhos com o uso de sabonetes e shampoo, o que depois de quase um mês, pode ser um problema para os olfatos mais sensíveis.
De resto, o Rainbow proporciona às pessoas, momentos agradáveis com muita música, oficinas, yoga, reflexão, ensinamentos, conhecimento pessoal intenso e muitas descobertas, afinal não é todo dia que sem a oportunidade de se conviver com 30000 pessoas do mundo inteiro. Quem já foi, afirma que a experiência é única.

Para participar não precisa pagar entrada. Basta levar suas coisas dentro de uma mochila, uma barraca, comida para contribuir com a cozinha e coração e mentes abertos para novos aprendizados.
Como li no site do encontro, “traga coisas boas. Você ficará surpreso de que o que você realmente precisa é na verdade muito pouco. Traga amor, abraços e boas energias e o mais importante: traga você mesmo”.
Confesso que desde a conversa com a Sarah, fiquei morrendo de vontade de ir.  O próximo encontro mundial será na Argentina, entre os dias 4 de março e 3 de abril deste ano. O problema, é que assim como no ENCA – encontro parecido que ocorre no Brasil- é difícil achar informações com antecedência. E por isso, ninguém tem certeza, se o evento vai sem em Mendonza, Córdoba ou em outro lugar. Certeza mesmo, só o país.
 
Ficou interessado?  Procure Rainbow Gathering no Facebook ou acesse o site do evento. Como estou com problemas para colocar links no post, os endereços estão aí ao lado.


Breve história do mochilão – parte II




A mochila, propriamente dita, apareceu no momento em que terminava a escravidão. Agora que não havia mais escravos - pelo menos não da mesma forma - cada um que tratasse de carregar suas próprias tralhas.
Quem primeiro precisou fazer isso foram os soldados das Américas. Os soldados europeus não tiveram tanta preocupação porque seus trajetos eram curtos e existiam estradas rodáveis na Europa. Mas aqui na América (do Sul, do Norte, Central), o negócio era feio. Os caminhos eram enormes e não havia muitas bases para se conseguir suprimentos. O jeito era o nobre soldado levar tudo que achasse importante nas próprias costas. Na I Guerra Mundial, a maioria deles já usava mochilas.
Mas, se as guerras terminaram (a primeira e a segunda, quero dizer) como a mochila veio parar no nosso dia-a-dia?
De 1919 pra frente, ex-soldados acabaram percebendo que a mochila era muito útil e poderia ser usada em outras ocasiões, como viagens, por exemplo.
Pessoas interessadas em atividades como montanhismo e a escalada também se apaixonaram pelo equipamento e o adotaram para suas práticas esportivas. Hoje, é impossível imaginar alguém se aventurar a subir uma montanha sem uma mochila, pequena que seja.
Daí para elas chegarem às nossas casas foi um pulo. Como já foi dito em outro post, após a segunda guerra, muitos equipamentos militares sem uso foram vendidos a preço de banana, inclusive as mochilas militares, prontamente absorvidas por interessados em atividades do campo e esportes na natureza, como o trekking.
Lá pelos anos 50, 60, a geração beatnik – jovens originados pelo movimento contracultural – cai na estrada levando consigo mochilões, agora maiores do que os usados pelos soldados durante as guerras.
Mochila Kelty Tioga, de armação externa

Em 1952, Dick Kelty (fundador da marca Kelty) cria a primeira mochila de armação externa, a Trekker, com cerca de 65 litros. Vinte anos depois, lança a Kelty Tioga, considerada a melhor mochila de armação externa já produzida.
Esse mochilão podia suportar uma grande quantidade de carga sem deixar a pessoa que o estivesse carregando, desconfortável. O ponto negativo era sua largura e sua armação que engatava em todos os lugares, além de ser difícil transportá-lo.
Primeira Iowe Alpine, de armação interna
Por isso, em 1967, Greg Iowe, da Iowe Alpine, cria a primeira mochila de armação interna, muito mais fácil de produzir e de transportar. Em pouco tempo, ela se populariza entre viajantes e esportistas, no mundo inteiro, e até hoje é o modelo mais utilizado.
(informações retiradas do site mochileiros.com)

Breve história do mochilão


Li algumas coisas sobre a origem do mochilão de viagem e como ele é o melhor amigo de todo viajante, vou resumir aqui:
A mochila, como todos sabem é um equipamento criado para se carregar coisas. Roupas, cadernos, livros, comida e toda sorte de tranqueiras que se pretenda levar de um lugar para o outro, seja em grandes viagens, seja para ir à casa de um amigo. Mas, alguém já se perguntou como eram as coisas antes de existir a mochila e seus derivados – mala, bolsa, sacola, etc.? Eu não. Pois bem...
Se você fosse um índio das Américas, na época em que não havia carros nem cavalos - porque as rodas e os cavalos foram trazidos pelos europeus - você faria o seguinte: levaria os objetos leves nas mãos ou amarrados ao corpo em pequenas bolsas feitas de couro ou de palha, ou então em cabaças. Os objetos maiores, você teria que carregar em cestos grandes e compridos presos por tiras nas costas ou nos ombros. Você poderia também, amarrar os objetos em armações de madeira que seriam presos nos seus ombros, na sua cintura, ou até mesmo na sua testa. Achou pesado? Eu também.
Mas, se fosse um índio de alto escalão, de elite, por assim dizer, você poderia usufruir da maneira mais simples e leve de carregar objetos: mandar alguém fazer isso por você!
Incas, astecas, tupis, e muitas outras civilizações subjugavam povos e os obrigavam, entre outras coisas, a carregar seus pertences de um lado para o outro. Quando os escravos chegaram à América, isso também passou a ser função deles. Ou seja, carregar objeto era coisa de pé-rapado.
Por esse motivo, se você alimentava no seu imaginário, a figura do viajante do século XIX carregando seus objetos nos próprios ombros, esqueça. O que acontecia era mais parecido com as cenas do filme Carlota Joaquina onde a mulher trazia até um piano na viagem para o Brasil e os pobres carregadores que se virassem.
Continua...
(informações retiradas do site mochileiros.com)

Eis que surge a figura do mochileiro




O mochileiro surge no momento em que surge a mochila de grande porte. No final dos anos 40 e começo dos anos 50, o modo mais fácil de possuir uma mochila usável era ir aos locais onde se vendiam os restos dos materiais usados na guerra. Ali se achavam mochilas, algumas botas, casacos, sacos de dormir, cantis, panelinhas, marmitas e todo tipo de quinquilharia necessária pra se cair na estrada.
Nos anos 60, jovens do mundo inteiro encantados com o movimento hippie e com a contracultura – que serão devidamente explicados depois – equipam-se e ganham o mundo.
Essa foi sem dúvida a época de ouro do movimento, em que conceitos como liberdade e independência dominavam a mente da juventude.
Acontece que nos anos 70, muitos jovens que caíram na estrada durante a década anterior começaram a se encaixar no mercado de trabalho, porque afinal, vida de mochileiro não é pra todo mundo e nem todos estavam dispostos a passar os próximos 40, 50 anos da vida viajando de um lugar pra o outro.
O mundo corporativo - que não é bobo nem nada - percebeu que esses jovens vistos até então como desajustados, eram mais dinâmicos, criativos, sabiam se virar em situações desfavoráveis, falavam várias línguas, eram comunicativos, enfim, possuíam características que o pobre menino criado na barra da saia da mãe dificilmente conseguiria desenvolver. Então, as corporações trataram de compor seus quadros gerenciais com eles: os jovens viajantes globalizados.
Isso mudou tudo, inclusive a visão dos pais que passaram a ver as viagens de mochilão com melhores olhos. E mudou também o mercado, que visando o lucro, imediatamente criou as empresas de intercâmbios para estudantes.
Os pais, acreditando que as viagens eram uma fase temporária, necessária para o desenvolvimento e importante para o futuro profissional de seus rebentos, compraram a idéia, e viajar sem a família, virou moda.
O que os pais não sabiam, era que talvez seus filhotes pudessem não gostar desse esquema de viajar supervisionado por empresas, com destinos pré-definidos, afinal, intercâmbio e mochilão são coisas completamente diferentes.
E o que as empresas não sabiam é que talvez esses jovens globalizados que para elas representava o futuro empresarial, talvez, apenas talvez não estivessem interessados em se enquadrar na rotina corporativa.
O resultado é: quem se adaptou, fez seus intercâmbios, estudou fora e depois voltou para a família e para a empresa multinacional e quem não se adaptou... bem, esses estão até hoje por ai, procurando por coisas que a sociedade comum jamais será capaz de proporcionar.
(texto baseado em ensaio retirado do site mochileiros.com)

Fazendo a diferença



Isabella Lucy Bird era inglesa e nasceu em 1831. Ela sempre teve um problema com doenças. Vivia doente, a coitada. Depois de um tempo, descobriu que parte de suas doenças estavam na cabeça. Isso porque sempre que estava fazendo algo de que gostava muito, raramente passava mal. Não pegava nem resfriado.
Quando Isabella completou 23 anos, seu pai Edward, lhe deu 100 libras para ela visitar parentes na América. Ela poderia ficar até o seu dinheiro acabar. Essa viagem lhe rendeu o seu primeiro livro “A inglesa na América”, que foi publicado em 1856.
O presente de Edward mudou a vida de Isabella Bird. No ano seguinte ela foi para o Canadá e para a Escócia e descobriu que o que a deixava mal mesmo era morar na Grã-Bretanha.
 Anos depois, quando sua mãe faleceu, ela se pôs a excursionar pelo mundo na tentativa de não ir morar com sua irmã, Henrrieta. O problema era que Bird não suportava a idéia de ter uma vida doméstica como a de Henrrieta e também  adorava escrever.
Solução: catou suas coisas, pegou blocos de papel e se mandou para o lugar onde se sentia mais a vontade – o mundo. Muitas de suas obras foram feitas a partir de cartas que ela escreveu para a Irmã.
Nossa viajante deixou a Grã-Bretanha em 1872. Foi para a Austrália, não gostou. Aí partiu para o Havaí e publicou seu segundo livro. Então, mudou-se para o Colorado. No ano seguinte cobriu mais de 800 milhas nas Montanhas Rochosas.
Ela se vestia de forma prática, como uma pessoa que pratica equitação e a idéia do casamento nunca a agradou. Obviamente deslocada de seu tempo, onde as mulheres “deveriam” apenas cuidar do marido e dos filhos, muitas vezes foi tratada pelos jornais como masculina e excêntrica.
Sem dar a mínima para os comentários, ela seguiu viajando pelo Japão, China, Vietnã, Singapura e Malásia.
Casou-se apenas uma vez, mas a união durou pouco. Então resolveu estudar medicina e seguiu viajando como missionária. Com quase 60 anos e com a saúde já abalada ela viajou para a Índia.
Em suas missões, cruzou lugares como Tíbete, Pérsia, Curdistão, Turquia, Bagdá e Teerã.
Em 1892, suas façanhas finalmente foram reconhecidas e ela se tornou a primeira mulher aceita na Royal Geographical Society, uma instituição que, até então, reunia apenas homens exploradores.
Sua jornada final foi cruzando os rios Yangtze e Han, na China e na Coréia, respectivamente. Depois foi para o Marrocos e faleceu em Edimburgo, em 1904, pouco antes de seu retorno com 73 anos. Ela ainda planejava uma segunda viagem à China.
Isabella Lucy Bird destacou-se porque se recusou a viver areando panelas e trocando fraldas numa sociedade que ainda era predominantemente patriarcal.
A Royal Geographical Society declarou sobre ela, como forma de protesto à sua admissão: “Uma dama exploradora? Uma viajante de saias? Noções um tanto quanto angelicais: deixe-as onde estão ocupadas com bebês, ou emendando nossas camisas rasgadas. Mas elas não devem, não podem e não serão geográficas”.
Fez a diferença porque os escritos sobre suas aventuras eram mais subjetivos que os dos homens e porque seus registros não eram documentos oficiais e sim cartas e diários. Fez a diferença por ter inspirado e aberto as portas para muitas damas que tinham o mesmo anseio. Fez a diferença por ser, acima de tudo, uma mulher geográfica.

Mulheres viajantes – explorar o mundo também é coisa de mulher – parte II


O presidente da Royal Geographical Society de Londres chegou ao disparate de declarar que as mulheres exploradoras eram inaptas a esse tipo de atividade: “Seu sexo e sua formação as fazem inaptas e esse tipo de viajantes femininas a que a América recentemente nos tem acostumado é um dos maiores horrores deste fim do século XIX”. Essa instituição foi fundada em 1831, mas somente com cinqüenta anos de atraso, a primeira mulher foi reconhecida como membro. Seu nome é Isabellla Bird - e merece um post só pra ela- . Porém, a oposição feminina foi tão forte (isso mesmo, as próprias mulheres se revoltaram) que a instituição voltou a fechar as portar até 1913, quando se admitiram, ainda que de muita má vontade, outras heroínas exploradoras.
Quem era mulher e queria se meter a explorar o mundo tinha que ter coragem. Não havia nenhuma espécie de apoio, muito menos financeiro, para bancar a empreitada.
Talvez, devido a isso, especula a autora do texto, muitas se tornaram escritoras. Afinal, se elas quisessem divulgar suas histórias e descobertas, que tratassem elas próprias de escrever, se não ninguém o faria.
Mas o fato é que, mesmo com todas as dificuldades, elas arregaçaram as mangas, ou melhor, suspenderam seus vestidos enormes e foram à luta.
“Podiam viajar com absoluta liberdade e sem limite de tempo: sabiam quando abandonavam o lar porem não sabiam a data da volta porque não tinham que prestar contas a ninguém. Podiam desfrutar a fundo suas viagens, conviver com as pessoas, aprofundar-se nas culturas e deleitar-se com um mundo novo para elas. As viagens das grandes damas da exploração como Mary Kingsley, Isabella Bird, May Sheldom e Osa Johnson – para citar algumas – não eram competições desportivas em busca dos últimos mistérios da África negra e sim viagens de conhecimento; o importante não era chegar ao destino e contar ao mundo, e sim percorrer o caminho e aprender com a experiência. Era a viagem como escola da vida”.
Concordo em absoluto com Cristina Morató: é preciso dedicar tempo à leitura das obras dessas grandes mulheres e sim, elas devem e tem todo o direito de ocupar o mesmo lugar de honra que os homens exploradores possuem nas prateleiras das bibliotecas, principalmente na biblioteca dos viajantes.
E ainda tem muita mulher por aí inventado desculpa pra não viajar. Deixe as reclamações de lado e inspire-se nelas. Fica a dica!

Mulheres viajantes – explorar o mundo também é coisa de mulher



Pesquisando sobre os primeiros viajantes a explorar nosso querido globo terrestre percebi que pouca atenção é dispensada para as primeiras viajantes a realizar o mesmo feito. Para corrigir esse enorme erro fui pesquisar a respeito. Achei um texto muito interessante no blog da Meg Mamede que citava uma reportagem na revista espanhola Mercúrio publicada em março de 2009.
 O texto, da autoria de Cristina Morató intitulado “Trotamundos olvidadas”, que pode ser traduzido como Viajantes esquecidas, fala sobre a primeira mulher a percorrer o mundo e escrever seus relatos e sobre tantas outras, que por muitos anos tiveram seus feitos literalmente esquecidos e ocultados das páginas da História. Achei muito interessante para minha pesquisa e mais importante ainda compartilhar.
 “O primeiro livro de viagens da língua espanhola foi escrito por uma religiosa,  no século IV.  A intrépida Egeria, em meados do ano 381, partiu de Constantinopla até Jerusalém disposta a venerar os lugares santos. Durante três anos inteiros, percorreu sozinha Egito, Alexandria, Sinai e todos os lugares bíblicos que estavam ao seu alcance.Durante sua aventura, Egeria escreveu às suas companheiras da Espanha, uma série de cartas onde descreveu com um estilo direto e espontâneo, tudo quanto viam seus assombrados olhos.  Em 1844, as cartas de Egeria, conhecidas como “Peregrinação ou Itinerário” vieram à luz e os leitores descobriram com surpresa que este relato, com grande quantidade de detalhes e valiosas descrições havia sido escrito por uma mulher. A viagem de Egeria é um livro extraordinário e um percurso pelos lugares mais simbólicos da Terra Santa visto pelos olhos de uma mulher de meia idade, audaz e cheia de curiosidade. Um texto sensível onde a autora narra sua épica travessia sem mencionar os perigos nem os incômodos que teve que enfrentar. Nem se quer dá importância ao fato de que possivelmente não regressasse com vida de sua viagem”.
A reportagem nos esclarece que assim como Egeria, um grande número de mulheres explorou o mundo, embora a História, naquela época escrita apenas por homens, tenha ocultado suas conquistas.
É claro, que elas não eram mulheres de calças largas com mochilões pendurados nas costas. Algumas vestiam espartilhos e anáguas e eram, na sua maioria, missionárias, aristocratas inglesas que muitas vezes acompanhavam os maridos exploradores e diplomatas. Porém, em muitos casos, também viajavam sozinhas escrevendo, coletando espécies e contribuindo para um conhecimento geográfico inestimável para a época.
Elas não eram loucas nem excêntricas como os homens queriam fazer crer. Ainda no século XIX, surgiam as maiores viajantes de que se tem notícia como Ida Pfeifer, Mary Kingsley e Isabella Bird. A maior parte delas era britânica, pois essa revolução esquecida se deu na Inglaterra vitoriana, “em uma época em que se acreditava que uma mulher não estava preparada nem física nem mentalmente para viajar e que o contato com os nativos selvagens corrompia a pureza de suas almas”, como nos conta Cristina.
Qualquer mulher que ousasse sair de suas funções domésticas para conhecer o mundo era, sem dó, tachada de feia, imoral e masculina.
“Essas valentes damas realizaram os primeiros estudos de campos entre tribos desconhecidas, levantaram mapas e capturaram espécies para os mais importantes museus de história do mundo. Em suas travessias, enfrentaram com grandes doses de humor – e a golpes de sombrinha- feras selvagens, canibais famintos e um clima especialmente mortal para o homem branco”.
Homens “corajosos” espalharam aos sete ventos histórias sobre suas aventuras, mas nunca contaram que, muitas vezes, eram suas esposas quem os escoltava com o fuzil na mão. Só um se salvou: o inglês Samuel Baker que admitiu que nunca chegaria ao seu destino sem a ajuda de sua jovem esposa Florence.
Uma salva de palmas para ele!
Continua...

Quem é o viajante do século XIX?


A princípio são eles: militares, marinheiros, mineradores, exploradores que penetram na África para produzir conhecimento que permita aos europeus explorar melhor o continente. Exploradores que vão mergulhar na Ásia, nas Américas. Gente que vai se aventurar em minas longínquas em lugares como o Alaska, por exemplo. Existem também os cronistas, como Joseph Conrad, Jack London e Mark Twain.
Mas esses são a minoria. A grande parte da população mundial estava fixada, e não conhecia o mundo. Isso vale até os dias de hoje. A maior parte das pessoas ainda vive assim: pouco se desloca, e quando o faz, o faz por necessidade, salvo umas poucas viagens em que o ambiente familiar é recriado: hotéis padronizados, serviços de guias que falam a língua do viajante, viagens em grupo com gente da mesma região de origem. O que muda apenas são os cenários. Esse é o turista, o tipo de viajante que nunca será mochileiro, produto da revolução industrial e que viaja saindo o mínimo possível da sua zona de conforto.
Mas este século também foi responsável por criar outros tipos de viajantes.
A crise dos anos 30, ou Grande Depressão, por exempo, fez surgir o hobo, um sem teto itinerante. Representado muitas vezes como um mendigo carregando um trouxa pendurada num bastão. O que é um engano, pois existe uma cultura hobo. A grande depressão jogou milhares deles às ruas. Sem ter onde morar, procurando trabalhos, biscates, viajando pegando carona em trens, eles desenvolveram uma ética própria.
Outro tipo que surge no pós-guerra é o chamado “cidadão do mundo”, mas que na verdade trata-se de grupos de altos executivos que flanam ao redor do mundo, a trabalho. Sempre usam o mesmo tipo de estrutura: hotéis coma infra-estrutura necessária aos negócios e pequenos mimos. Esses hotéis possuem redes com unidades ao redor do mundo. Viaja-se para lugares diferentes e fica-se sempre no mesmo lugar. Os hotéis são iguais, a língua falada é apenas o inglês, os bares freqüentados e os restaurantes servem a “comida internacional”.
Assim como os mochileiros, esses grupos surgem como reflexo de um tempo em que mudanças sociais e econômicas profundas alteraram o rumo da sociedade.
(As informações deste post foram retiradas de um ensaio publicado no site mochileiros.com)